Hoje faz 5 anos que nos conhecemos, vamos jantar e conversar, estou com muita vontade de fazer sexo com ele, meu amigo pobrinho está assim, desesperado.
Seja o que for, voltarei para contar o que aconteceu. Beijos para vocês meus amigos.
Não tão longe das capitais. Pontos significativos da vida de um homossexual que vive no interior, mas que já viveu em uma capital. Como é ser gay em uma cidade do interior? Como conseguir enfim ser feliz? Procuras, decepções, alegrias, tristezas...
Hoje faz 5 anos que nos conhecemos, vamos jantar e conversar, estou com muita vontade de fazer sexo com ele, meu amigo pobrinho está assim, desesperado.
Seja o que for, voltarei para contar o que aconteceu. Beijos para vocês meus amigos.
4 comentários:
ok, fico no aguarde pra saber o que rolou!
Olha eu de novo, aqui... ;)
Por mais que o ame é dificil esquecer coisas do passado, as mágoas e sempre rolarão aqueles "por que isso?" ou "por que aquilo?"... mas chega uma hora que a gente se acostuma e só vez ou outra vem uma lembrança ruim, mas elas sempre voltam!
Pra se retomar um relacionamento e para que esse seja bom, nao é preciso só perdoar com a cabeça ou o coraçao, mas é principalmente fazer com que esses dois esqueçam tudo!
Estás preparado pra isso?
beeijo
Peppito,
Acho que o melhor conselho é escutar teu coração... se ainda tem dúvidas se deve ou não voltar, se é capaz ou não de perdoá-lo... talvez seja um sinal de que mais tempo é preciso...
De qualquer forma fico na torcida...
Abração!!!
Nasci em Contagem, Estado de Minas Gerais. Não conheço você, mas Deus conhece e sabe exatamente o que está em seu coração neste momento, as dores físicas e emocionais que já passou ou tem passado, o desprezo que já recebeu, as dificuldades do seu dia, as alegrias, desejos e vontades, enfim, não há nada encoberto diante Dele, nem mesmo aquele segredo que só você sabe, que está escondido em seu coração, encoberto diante das pessoas.
Durante minha infância recebi grande atenção, amor e carinho das mulheres da família. Fiquei sabendo que eu era muito chorão, e que várias vezes quando demonstrava que iria chorar, me davam de tudo para que eu nem iniciasse o choro. Com o tempo aprendi a manipular as pessoas “engolindo fôlego”, chorava tanto até que tentava engolir a própria língua ficando com a pele toda roxa. Todos me davam atenção, então isto passou a fazer parte dos momentos onde eu não era compreendido. Conseguia receber o que queria usando deste tipo de choro. Quando alguém me fazia mal eu começava a fazer papel de vítima, algumas vezes até mesmo inconscientemente, até que com este comportamento conseguisse algo. Aprendi que ninguém me faria mal se fizesse papel de criança indefesa, de vítima.
Aos quatro anos de idade fiquei doente e fui internado em um hospital por vários dias, Hospital Santa Rita, em Contagem. Lembro-me de ser muito apegado à minha mãe. Meus olhos não saiam de perto dela. Não queria ficar no hospital, a não ser que minha mãe ficasse comigo, sempre. Levaram-me para um quarto que continha vários berços, recebi atenção das enfermeiras e da família. Dormi e quando acordei, olhei à minha volta e não vi ninguém que conhecia, e pior, não vi minha mãe. Comecei a chorar, a soluçar, queria minha mãe. As enfermeiras tentavam me fazer parar, e cada vez mais eu chorava. O cansaço aumentou e não agüentei, cai num sono profundo e quando acordei minha mãe já estava de volta. Como foi difícil este momento, tive a sensação de abandono. A figura materna era mais forte para mim do que a figura paterna. Não tenho na lembrança de ter chorado assim pela presença do meu pai.
Quando alcancei a idade de ir para a escola, um desespero afligiu minha alma. Simplesmente chorava até que a professora ligasse para minha mãe ir me buscar. E isto se repetiu por várias vezes, eu não queria ficar ali com aquelas crianças num lugar que não era meu. Não ficava à vontade de estar ali, de pedir para a professora que eu precisava ir ao banheiro, tinha vergonha de tudo, trazia comigo timidez e insegurança. Este comportamento levou-me a ouvir muitas palavras destrutivas vindas dos outros alunos. Ouvia por diversas vezes me chamarem de chorão, de menininha. Estas palavras feriam demais meu coração, e me afastavam deles. Procurei não demonstrar que estava sendo ferido. Como gostaria de ser aceito por eles.
Uma vez, estava de mãos dadas com meus pais, fomos até um posto de gasolina perto de casa. No caminho encontramos uma mulher que os conhecia, ela olhou para mim e disse: “que menina mais linda!”. Meus pais disseram: “Não é menina, é menino”. Como fiquei triste de ser comparado com uma menina mais uma vez. Por não gostar de futebol e corrida de fórmula 1 recebia cobranças da família e amigos. Gostava de estar com as meninas, identifiquei-me com elas, eram calmas e falavam comigo, nos entendíamos muito bem. Ao contrário dos homens, eu os via correndo atrás de uma bola, sem camisa, suados, gritando um com o outro e achava tudo isto uma perda de tempo. Sentia certa exclusão por não gostar do que eles gostavam. Como poderia sentir vontade de estar com eles se estavam sempre me jogando para longe do seu grupo com brincadeiras e comentários? Na escola tinha aula de educação física e sempre tinha que parar por causa da falta de ar. Fazer educação física era passar por vários constrangimentos, como ficar com dificuldades para respirar e receber as palavras dos meus colegas, de que eu era de vidro, não conseguia nem jogar bola que ficava doente. Para proteger-me das provocações dos meus colegas eu fazia com que a falta de ar ficasse sempre pior e assim, eles veriam que realmente era difícil para mim. Gostaria de ser como eles, “hominhos”, tinham gosto de jogar bola e fazer esporte. Não conseguia fazer parte do clube, pois até mesmo as conversas sobre meninas e sexo não me agradava. Falavam de como iriam fazer com uma menina, como eles estavam conhecendo seus corpos. Como se gabavam de contar estas histórias. Estas conversas serviam para me constranger, achava que sexo era pura maldade. Cresci achando o sexo algo muito vulgar. Não havia ligação do sexo com amor, era sempre ligado a maldade, para mim era algo pecaminoso e errado e que só era feito às escondidas.
Certa vez meus primos me levaram para brincar em um parque que estava na cidade. Minha mãe e tias me vestiram e cuidaram de mim. Ao olhar no espelho não gostei do que vi. Não gostei da minha roupa. Meu cabelo me fazia parecer uma menina. Saímos de casa em direção ao parque. Até então tudo estava indo bem. Em um certo momento, fiquei longe dos meus primos, e me vi frente a um grupo de adolescentes que ficaram a minha volta e começaram a zombar da minha roupa e cabelo. As palavras eram duras, fui chamado de “veadinho”, menininha, “bichinha”. Como aqueles garotos podiam fazer aquilo, vieram do nada e me atacaram com palavras que feriram profundamente minha alma. Novamente ali estava eu, fora do grupo, excluído do clube dos meninos, queria ser aceito por eles, só isto. Assim que consegui sair do meio deles fui para casa, sozinho, carregando comigo todo aquele emaranhado de sentimentos ruins, nem avisei meus primos. Ao chegar em casa, recebi uma bronca por ter vindo embora sozinho. Meus primos ficaram zangados comigo. Não entenderam o porquê do meu comportamento. Guardei comigo o que houve naquele parque e sofri sozinho. Passei a conviver com estes sentimentos dentro de mim, uma mistura de mágoa, tristeza e solidão. Novamente senti a exclusão, o desprezo e a dificuldade de fazer parte do clube dos meninos. O que havia de tão mal nestas pessoas que não faziam nenhum esforço para me aceitar no meio deles? Várias vezes os meninos do bairro perto de casa se reuniam para fazer brincadeiras sexuais entre si, neste momento eu me sentia aceito por eles. Neste momento eles deixavam que eu participasse das brincadeiras, por um bom tempo aprendi a fazer as “sacanagens” que um fazia com o outro e a desejar aquilo. Enfim fui aceito.
Minha mãe começou a trabalhar fora de casa, saía cedo e só voltava à noite. Uma empregada passou a fazer parte da rotina da casa durante todo o dia. No início da noite eu ficava sentado na frente do portão de casa esperando minha mãe chegar. Quando ela chegava uma felicidade surgia em meu coração. Toda vez que eu ia para casa de algum primo para dormir fora, eu chorava até que me trouxessem de volta. Podia passar o dia com eles, mas na hora de ir dormir eu queria ir para casa. Em um certo dia, uma de minhas tias e seus filhos estavam conosco em casa. Ela tinha uma menina e um menino da minha idade. Estávamos brincando no quintal e esta tia teve a idéia de me vestir com roupas de menina, até passou batom e maquiagem no meu rosto. No início achei legal, gostei de estar vestido de menina, mas logo vi as pessoas que passavam na rua olharem para aquela situação e rirem de mim. Corri para trás de um monte de pedras e me escondi. As pessoas riam e faziam piadas ao me verem vestido de menina. Acredito que esta tia me vestiu de menina porque percebeu que eu gostava do que as meninas gostavam. As brincadeiras de menina me chamavam atenção, tanto que eu brincava de boneca e de casinha com elas. A conversa delas agradava mais do que a conversa dos meninos, elas sabiam me receber e me aceitavam sem críticas e restrições. As meninas não zombavam de mim. As pessoas a minha volta percebiam este comportamento em mim, cada uma reagia de uma forma. Uns eram mais vorazes em seus comentários, me chamavam de “bichinha”, “veadinho”, menininha, outros não diziam nada, outros ficavam falando entre si. Toda família reconhecia que eu tinha um “jeitinho”, mas não tocavam no assunto.
Aos nove anos de idade comecei a pensar em namorar e nutria um carinho por uma menina. Quando comentei com meus colegas, eles riam e diziam que eu não ia conseguir porque não gostava de meninas e era “efeminado”. Simplesmente me rotularam por verem em mim um comportamento mais tímido e introvertido. Com toda minha insegurança e timidez fui até o encontro desta menina que eu gostava. Quando cheguei perto dela fiquei mudo, com muita vergonha da situação não fiz nada. Criei uma expectativa não só em mim, mas nas pessoas que me levaram até ela. Ficavam me cobrando para que fizesse um movimento na direção dela. A vergonha tomou conta de mim e só consegui trocar algumas frases com ela. Percebi que seria complicado demais me relacionar com ela ou com qualquer menina que fosse por causa da vergonha e timidez. Passei a conviver com um sentimento de frustração e impotência. Fiquei convencido de que não conseguiria namorar uma garota. Conseguia sonhar com uma menina, imaginar namorando e passeando, mas quando o sonho ia se tornando real e vendo que não daria conta da situação, parava tudo. Ao contrário de mim meus colegas se davam muito bem com as meninas, tinham uma certeza do que eram e poderiam fazer com elas que eu não entendia. Tinham o domínio da situação, não tinham vergonha nem timidez. Estavam se dando bem em suas paqueras, namoros e intimidades. Tudo isto era muito difícil para mim.
Devido às dificuldades financeiras de minha família, meu pai foi para o sul, cidade de Curitiba no Paraná. Conseguiu um trabalho em Pontal do Paraná. Sem ele conosco, nos mudamos para o apartamento de minha avó. Que época difícil para todos nós. Morar numa casa que não era nossa, conviver com pessoas que tinham seus compromissos, suas manias. Senti falta do meu pai. Escrevi diversas cartas para ele falando da saudade que sentia e de que gostaria de tê-lo por perto. Ele era um homem calado, de poucas palavras. Não demonstrava carinho físico nem verbal pelos filhos. Gostaria que meu pai fosse como os pais dos meus primos, que abraçavam, davam atenção e era próximo deles. Raramente eu via meus pais demonstrando carinho um pelo outro. Sabia que se gostavam mesmo não vendo na prática o amor que tinham entre si. Nem imaginava que eles faziam amor, acreditei na mentira que uma cegonha trazia os bebês e que o beijo poderia engravidar uma mulher. Não lembro de meu pai falando que me amava ou que gostava de mim. Uma vez, estava na sala de casa no colo dele. Brincava com o cabelo do seu peito e na TV passava uma novela chamada Pai Herói. Na abertura desta novela tocava uma música muito bonita falando do relacionamento entre pai e filho. Enquanto a música tocava, uma cena me chamou atenção. Um quebra cabeças era montado, e aos poucos surgia um caminho entre árvores e um menino caminhando junto à figura do que seria seu pai. Detalhe, a figura do pai não foi preenchida, estava em branco. Uma criança passeando de mãos dadas com o pai, seu pai herói, por outro lado o pai não estava lá, ele estava presente, mas ausente. O que deve ser mais cruel para a formação de uma criança, um pai presente ausente ou um pai que mora longe? Era assim que me sentia em relação ao meu pai, um vazio, uma necessidade de aceitação por parte dele, de receber carinho e ser amado. Mas, por mais perto que ele estivesse fisicamente de mim, sentia um abismo enorme entre nós. Eu queria um pai herói, que estivesse junto de mim, mas ele não era assim. Hoje sei que ele não poderia me dar o que não tinha aprendido e nem recebido dos pais dele.
Aos 14 anos de idade recebi a notícia que teríamos que ir morar em Curitiba. Lá estávamos eu, minha mãe e irmã, dentro de um carro indo para a rodoviária de Belo Horizonte. Ainda dentro do carro, olhei para trás e vi minhas tias e avó sendo deixadas para trás. Ao chegar na cidade de Curitiba senti as dificuldades que estavam por começar, não só para minha família, mas principalmente para minha vida. Ficamos hospedados na casa de parentes. Havia uma pessoa conhecida que estava descobrindo sua sexualidade vendo fotos em revistas pornográficas. Uma vez ela pediu-me que devolvesse uma destas revistas para uma amiga, e no caminho abri e fiquei vendo as fotos. Fiquei surpreso ao ver o que aquelas mulheres faziam, era a tal da maldade que sempre ouvi dos meus colegas. Toda vez que ouvia meus colegas, tios, primos falarem de sexo, era de uma forma totalmente maliciosa e sem respeito nenhum com a figura da mulher. Pensei que só as mulheres impuras é que faziam sexo. Fiquei com a imagem daquelas fotos na minha mente e ao ver o corpo nu dos homens naquela revista lembrei-me das brincadeiras que fazia com meus primos e colegas do bairro. Associei as brincadeiras sexuais que aprendi com eles aos homens das fotos pornográficas. Percebi que desejava o corpo daqueles homens.
Começou o ano letivo e fui matriculado em uma escola. Novamente, ao conviver com outros pré-adolescentes, percebi minha dificuldade de relacionamento. Logo as palavras que feriam minha masculinidade começaram a ser ditas pelos meus novos colegas. Minha timidez aumentava a dificuldade de relacionamento com as pessoas. Neste tempo queria namorar mesmo sabendo da minha dificuldade de relacionamento com as meninas, principalmente quando imaginava que elas faziam sexo daquela forma que vi nas revistas pornográficas. Sexo para mim não estava relacionado com amor e sim com maldade. Meus amigos já falavam de seus envolvimentos, suas intimidades com as garotas, suas experiências sexuais e eu nada. Com 18 anos arrumei uma namorada, gostei dela. Em pouco tempo de namoro ela começou a ter atitudes que me assustaram, teve iniciativas que fizeram com que temesse estar com ela. Ela já havia tido suas experiências sexuais e eu não. Certa noite, em uma danceteria, ela pediu-me que a tocasse de modo mais íntimo e recusei por estar no meio de pessoas. Ela insistiu, fiquei constrangido. Como eu não tomava nenhuma iniciativa ela disse ao meu ouvido: “às vezes acho que você não é homem”. Naquele momento, veio em minha mente todas as palavras de maldição que feriram minha masculinidade. As palavras da minha namorada me feriram profundamente. Minha atitude naquele momento foi deixá-la naquele lugar. Sai dali e não a vi por um bom tempo. O que havia se quebrado na infância e adolescência veio a se quebrar ainda mais. Decidi não ter relacionamento com mulheres, com ninguém, assim estaria seguro. Decidi ficar sozinho.
Neste mesmo ano, meus pais viajaram e fiquei sozinho cuidando da casa. Alguém tocou a campainha. Ao abrir a porta qual minha surpresa ao ver aquela garota da danceteria, minha ex-namorada ali, na porta de casa. Deixei-a entrar e ficamos vendo TV e conversando. Aconteceu um beijo e logo ela tirava sua roupa e me levava para o quarto. Fiquei em pânico, meu corpo inteiro travou. Mas ela insistiu em manter relações não respeitando meu pânico. Fugi dali. Após um tempo levei-a para casa e achei que tudo estaria resolvido, não a veria mais. A ferida deste abuso sexual já estava instalada em minha alma. Simplesmente fingi que aquele constrangimento não aconteceu, não dei atenção aos sentimentos que passei ali. Não fazia idéia do abuso sexual que havia passado, do que isto causaria em minha vida a partir de então. Descartei toda hipótese de me relacionar com mulheres, iria ficar só pelo resto de minha vida. Senti frustração, insegurança, medo. Senti minha masculinidade ser destruída. Todas as palavras de maldição que recebi até então se materializaram na minha mente. Era como se aquela garota houvesse descoberto o meu segredo, o meu medo, que eu poderia ter problemas, que talvez não fosse homem, assim como ela havia dito para mim naquela danceteria. Após este acontecido, o rumo da minha vida começou a mudar, eu não fazia idéia do deserto, do engano que viria a passar.
Neste mesmo ano consegui um trabalho em uma empresa. Nesta empresa conheci um rapaz que era assumidamente homossexual e às vezes se comportava como homem e às vezes como mulher. Ele não escondia de ninguém que gostava de homens e algo a mais conquistou minha confiança, fui aceito, não houve rejeição e exclusão, me vi aceito no meio ao qual ele estava inserido. Aquele rapaz que se dizia homossexual me aceitou no clube. Fizemos amizade e logo recebi um convite para participar de um churrasco em sua casa. Mesmo com muito medo do que poderia ver ali decidi ir. Chegando lá, presenciei uma cena que mudou realmente o rumo da minha vida. Ali havia homens namorando homens e mulheres namorando mulheres. Fiquei assustado e ao mesmo tempo aliviado por saber que aquilo era real, que existiam pessoas que gostavam de se relacionar com o mesmo sexo de forma aberta e sem receio do que os outros iriam falar delas. Conhecei uma garota que estava na mesma situação, foi ali para ver o que acontecia na vida daquelas pessoas tão diferentes em sua forma de amar. Fiz amizade com ela e ficamos juntos conversando sobre essa nossa descoberta. Ela nunca havia se relacionado com o mesmo sexo, estava noiva de um homem até pouco tempo, mas decidiu terminar o noivado porque acreditava estar amando uma mulher. Assim como eu, ela havia descoberto pessoas que se rotulavam de homossexuais e que de imediato nos aceitaram sem nenhum desprezo.
Depois deste encontro, minha vida mudou. Meus caminhos se voltaram para a homossexualidade. Passei a ter amigos e amigas homossexuais e a participar de um grupo que me aceitava. Porque sofrer tanto com as palavras de maldição que recebia dos outros durante minha vida inteira se poderia fazer parte daquele meio homossexual, onde ninguém zoava de mingúem por gostar do mesmo sexo. Doce ilusão, doce engano, mal sabia que o pior estava por vir. Havia muita festa, muita risada, muita maquiagem, mas quando a cortina se fechava, o vazio e a insatisfação daquela vida apareciam por trás dos bastidores. Ah se eu soubesse o caminho pedregoso que iria ter que atravessar. Comecei a freqüentar bares e boates para homossexuais. Fiz novos amigos e identifiquei-me com a história de cada um. Todos passaram por situações parecidas com a minha. Com o passar dos anos eu entrava cada vez mais na prática da homossexualidade. Passei a acreditar que havia nascido homossexual quando direcionei meus desejos e vontades sexuais para a prática homossexual, aceitei então que não haveria mudança, sempre seria homossexual. Fiquei 12 anos nesta prática, sem contar os anos decorridos da infância até a adolescência, onde pensava que era diferente, que algo estava errado comigo. Pensei que havia descoberto a verdade, onde tudo que havia escutado de maldição se resolvia naquele mundo homossexual que descobri. O último relacionamento durou cinco anos. Não é necessário descrever aqui tudo o que fiz enquanto na homossexualidade, mas posso dizer que realmente acreditava que havia nascido assim. Não existia nenhuma possibilidade de mudança. Nestes 12 anos que passei na prática da homossexualidade, foram poucos os momentos em que me senti seguro. Pelo contrário, vivia na insegurança e na busca de amor e aceitação, que jamais encontraria nos rapazes com quem estive, eles não poderiam preencher o vazio do meu coração, homem nenhum poderia. De repente, tudo começou a mudar e seguir um novo caminho em minha vida. Aquele brilho da descoberta do meio homossexual começou a passar. Aquele vislumbre de poder “sair do armário” que me acometeu no início começou a perder sua força. Após anos de prática homossexual entendi que nada preenchia o vazio e a insatisfação daquela vida. Minha vida na homossexualidade girava em torno de bares, boates, paquera, insegurança, parecia que meu coração havia virado carne moída. Ninguém me levava a sério por muito tempo. A novidade de estar com alguém logo passava. Meus amigos viviam trocando de parceiros. Quanto engano. Na realidade eu buscava em outro homem aquilo que faltava em mim, precisava suprir uma carência que havia em minha alma que homem nenhum iria preencher, pois nem mesmo eles estavam satisfeitos consigo mesmo.
Cansei de ver meus amigos passarem de mão em mão, trocando de parceiros como se troca de roupa. Pensei na hipótese de abandonar a prática homossexual. Como sair se estava preso naquela vida? Enfim foram 12 anos na prática de um erro que fazia parte da minha vida. A vida na homossexualidade até então era o que eu sabia fazer e até então era verdade para mim. Certo dia liguei para meu irmão menor e pedi que me ajudasse, precisava levar o que era meu para casa de minha mãe. Saí da casa daquele rapaz, com quem vivi por quase cinco anos, não suportei tanta incerteza, tanta mentira, infidelidade e insatisfação sexual. Meu irmão veio até a casa onde morava e lá estava eu com três sacos de lixo com tudo o que me pertencia dentro deles. Retornei para casa de minha mãe carregando comigo três sacos de lixo, financeiramente falido e numa tremenda dependência emocional, deixando para trás um “amigo” e tudo que até então achava que era verdade em minha vida.
A dependência emocional que nutria pelo meu “amigo” estava me matando a cada dia. Olhei para minha vida e percebi que havia construído minha história numa areia movediça. Tudo afundou nesta areia, assim como os amigos, as festas, os relacionamentos, os amores, as paixões. Cai numa depressão profunda. Surgiram questionamentos em minha mente do tipo: quem sou eu? O que fiz até agora? Acreditei ter nascido homossexual e agora percebo que esta prática está me matando. Precisava mudar, mas como? Deixar a prática homossexual era uma hipótese que estava longe demais para alcançar, ainda mais com desejos e sentimentos por pessoas do mesmo sexo.
Conseguia manter meu trabalho mesmo com a depressão. Programei em minha mente uma situação para que pudesse sobrevier à depressão e a dependência emocional que sentia pela vida na homossexualidade e por todos que lá ficaram. Era como se acionasse um botão imaginário em minha mente onde programava meu corpo para sair em direção ao trabalho, depois o desligava ao chegar em casa. Funcionou mesmo com angústia e tristeza tomando conta da minha alma. Minhas forças estavam se esgotando. Olhava para trás e não gostava do que via, o presente estava me torturando, olhava para frente e não visualizava nada. Dentro desta dor emocional ao qual estava enfiado, de tanto pranto, surgiu uma ajuda, uma mão que estava estendida para mim, pronta para me segurar até que recuperasse minhas forças e pudesse caminhar novamente. De repente recebi uma palavra de conforto e surgiu uma esperança. Uma porta de esperança onde não havia nada.
Minha mãe, vendo toda minha angústia, fez-me um convite. Indicou que fizesse uma visita em uma igrejinha onde lá haveria uma missionária falando da Palavra de Deus. Não tinha nada a perder e aceitei o convite. A igreja era pequena, no Bairro Boa Vista. Lá estava eu sentado no meio dos ouvintes. A pastora anunciou a missionária que iria pregar naquela noite. Quando a missionária começou a falar do amor de Deus, meus olhos se encheram de lágrimas. Até então nunca havia ouvido alguém falar do grande amor de Deus pela minha vida, de um Deus que entregou seu Filho por amor de mim. Comi aquelas palavras, bebi de uma água (a Palavra de Deus) que poderia matar a minha sede. Ouvi que Deus me amava e poderia mudar a história da minha vida, que iria dar um novo significado para minha história e bastava eu crer no Filho de Deus, em Jesus. Comecei a buscar por este amor, por este Deus que ela falou tão bem. Um Deus que me prometia fidelidade, salvação e vida eterna através de Jesus. Jesus passou a ser parte da minha caminhada e através dEle encontrei resignificação da minha história.
Ao retornar para casa olhei para mim e permiti Deus mudar minha história. Surgiu uma esperança onde até então não havia nada. Tentava imaginar como aquele Deus mudaria minha vida. Em poucos dias, um gerente que trabalhava no mesmo setor que eu, vendo que minha angústia estava me consumindo, fez-me um convite. Amavelmente convidou-me para visitar a casa dele e participar de uma reunião. Aceitei de imediato sem saber o que realmente aconteceria nesta reunião. Ao chegar lá, fui recebido por pessoas de uma igreja que me amaram muito, um amor sem cobranças e julgamentos, apenas me amaram. Estudamos a palavra de Deus e comecei a aprender mais sobre aquele Deus que a missionária falou que iria mudar minha história, que iria dar um novo sentido para minha vida. No meio da dor, angústia e desespero senti o amor de Deus me envolver. Entendi que não estava sozinho neste momento tão difícil.
Em um destes encontros comentei da vida que levei na homossexualidade. Fui apresentado para um casal que ali estava. Um casal disposto a caminhar comigo. Toda semana eu estaria com eles para receber ajuda e orientação através das verdades que estão na Bíblia. Desesperadamente aceitei o desafio. Passei a fazer parte da rotina daquela família e a freqüentar uma igreja, pois precisava criar um novo círculo de amizades. Ficou combinado que toda segunda-feira eu estaria junto com o rapaz para estudar a Bíblia e fazer um discipulado. No primeiro encontro eu “vomitei” tudo o que estava preso em meu coração. Contei toda minha história e a dor emocional que ainda sentia. Ele ouviu pacientemente e falou que eu não era homossexual, disse que eu estava homossexual. Estas palavras entraram em meu coração e neste momento pensei que ele estava totalmente enganado, que não sabia o que estava falando. Eu sabia de tudo o que havia feito, da vida que levei na prática homossexual, dos desejos e vontades que tinha pelo mesmo sexo. E ele vem me dizer que eu não era homossexual. Imagina, tinha acabado de sair de um relacionamento homossexual de cinco anos e vem alguém me dizer que eu não era homossexual. Resolvi dar uma chance e continuei o discipulado. Começamos a sair e conversar não só sobre Bíblia, mas sobre relacionamento homem e mulher. Várias vezes íamos andar a cavalo em uma cidade próxima de Curitiba, chamada Campo Largo, comprei meu próprio cavalo. Foi muito terapêutico, pois lá eu ficava envolvido com outras atividades esquecendo da dependência emocional e da dor que sentia em meu coração.
A luz da Palavra de Deus trouxe a verdade, caindo toda mentira e engano. O vazio que havia em meu coração foi preenchido pelo amor de Deus. Conforme ia aprendendo a viver com Jesus, as mentiras iam sendo descobertas. Posicionei-me com todas as armas oferecidas na sua Palavra para resistir às imposições do mundo. Eu e o rapaz que vivia comigo, tínhamos uma Bíblia aberta na cabeceira da cama de casal, aberta em algum Salmo que não falava do erro em que vivíamos. Só líamos o que nos era conveniente, era mais fácil. É mais fácil dizer que a Bíblia precisa ser revista do que buscar mudança de vida.
Durante madrugadas estudei a Bíblia, procurei nela por algo que favorecesse a homossexualidade e não encontrei. Neste período clamava em oração por ajuda, chegava em casa na sexta-feira após o trabalho e só saía na segunda-feira para trabalhar. Lembrava-me das festas, do falso brilho, muita risada, gente bonita em suas roupas de marca, barriga cheia de comida e um espírito vazio, mas ao raiar do dia o falso brilho começava a se apagar e aí sim, vinha o vazio daquela vida. Não aceito mais isto em minha vida, hoje a luz que brilha em meu coração vem de Jesus e que a satisfação que tenho em viver vem dEle. Descobri que Deus me amava, mas não ao erro que cometia. Deus não condenaria esta prática em minha vida sem antes oferecer uma saída. A saída está na sua Palavra que é viva e eficaz e no amor de Jesus. Através do Espírito Santo fui convencido do erro em que vivia. Pois só o Espírito Santo pode nos convencer do erro, da justiça e do juízo. Compreendi e aceitei como verdade textos bíblicos que até então eu não aceitava como verdade. Achava que era somente para aquela época. Qual minha surpresa ao ver em minha vida as promessas de Deus serem cumpridas. Aquelas palavras de muito tempo atrás estavam causando efeito em minha vida hoje. A Palavra se mostrou em mim viva e eficaz.
Pude então perceber que realmente havia uma inversão na minha forma de amar. Analisei toda minha vida e conclui que durante o passar dos anos eu estava sendo “construído” para levar uma vida na homossexualidade. Seria difícil uma criança viver as situações que passei e não entrar na homossexualidade. O que havia sido aprendido poderia ser desaprendido. Na verdade aprendi a ser homossexual, e tudo o que fiz na prática homossexual não alterou minha heterossexualidade. Precisava não só mudar radicalmente, mas manter-me nesta mudança. Então tomei a decisão, fiz uma escolha, mudar a história da minha vida, buscar um sentido real para minha história. Conforme superava minhas dificuldades passava a ajudar outras pessoas. Iniciei um trabalho voluntário em uma casa de apoio onde havia crianças, jovens e idosos na mais drástica situação de abandono. Convivi com pessoas que contavam com ajuda voluntária para sobreviverem, pessoas que não serviam mais para a sociedade, deixadas de lado em conseqüência de suas escolhas erradas tais como uso de drogas, prostituição, tráfico entre outras. Algumas pessoas vinham das ruas, sujas e maltrapilhas, outras de famílias completamente disfuncionais. Olhei para a realidade delas e entendi que em meio a minha dor, poderia doar algo de mim para ajudá-los.
O tempo que passei nesta casa de apoio ajudou-me a crescer e amadurecer como pessoa. Sabia que poderia continuar com o trabalho voluntário, mas também aceitei que precisava de ajuda para tratar as minhas feridas na alma. Senti que faltava tratar algumas áreas em minha vida que estavam atrapalhando meu crescimento como cristão e como homem. Sentia solidão, passei a pensar em conhecer uma garota e poder fazer este trabalho voluntário junto com ela. Este passo, deixar uma mulher entrar em minha vida, exigiria muito de mim, teria que abrir mão de várias conquistas para alcançar este momento tão importante, pois não queria ficar só. Decidi não viver mais com homens logicamente teria que me relacionar com uma mulher. Só de pensar nas áreas de minha vida que teriam de ser tratadas eu já ficava em pânico. Não se trata da homossexualidade e sim das raízes que sustentavam a homossexualidade na minha vida. Algumas pessoas que praticam a homossexualidade são completamente contra alguém oferecer ajuda a uma vida que deseja sair desta prática sexual. Isto é uma injustiça, eu precisei e busquei por esta ajuda e fico feliz por ter conseguido. Toda pessoa que está insatisfeita com sua homossexualidade deve ter a liberdade de buscar apoio. Nada mais justo do que isto, quem deseja estar na homossexualidade que fique, procure ser feliz, mas os que estão insatisfeitos merecem receber o apoio devido. Deve haver respeito para os dois lados. Se eu não tivesse recebido ajuda para deixar a prática homossexual não estaria vivendo esta felicidade e satisfação que tenho hoje fora desta prática. Sou contra quem condena e dificulta a vida dos praticantes da homossexualidade, deve-se com toda certeza ter respeito com todos. Quando decidi sair da homossexualidade, as pessoas que me ajudaram em nenhum momento quiseram mudar minha sexualidade, pois elas sabiam que sempre fui heterossexual, e que tudo que fiz e achei ser na questão homossexual não alterou minha heterossexualidade. Então, quando vejo alguém querendo impedir que se ajudem pessoas que voluntariamente buscam apoio para deixar a prática homossexual, fico perplexo, pois esta pessoa não está sendo justa. Há tempos atrás acompanhei um debate entre praticantes da homossexualidade e políticos sobre a questão de proporcionar ajuda aos que buscam voluntariamente deixar a prática homossexual. Neste debate, um praticante da homossexualidade foi questionado se em algum momento buscou ajuda para deixar esta prática e ele respondeu que sim. Isto quer dizer que ele teve a oportunidade de escolher buscar ajuda, porém não deu certo, e vem agora impedir que outros façam o mesmo?
Assim como eu, que era convicto da minha homossexualidade, um dia me encontrei muito insatisfeito e busquei ajuda para mudar, concordo que se ofereça apoio aos que buscam mudança de comportamento. Hoje posso viver a heterossexualidade de forma plena, imagina se houvesse algum impedimento?
Todos os rapazes com quem estive mantinham no seu íntimo a vontade de um dia terem uma vida diferente. Eu podia bater o pé e negar com minhas atitudes e palavras, mas no coração eu desejava mudar. Deixar anos de prática homossexual exigiu de mim cura das feridas da alma, foi um processo gradativo e levou seis anos. Se tivessem prometido mudança instantânea e isto não ocorresse, eu poderia ir embora por não ver meus desejos e vontades transformados de um instante para outro e pior, poderia desacreditar do maravilhoso evangelho de Cristo. Mesmo no erro fui muito amado pelas pessoas que me evangelizaram. Aprendi que Jesus realmente veio ao mundo para buscar e salvar a todos que estão cativos do erro. Precisava buscar Deus de todo o meu coração, de toda minha alma e entendimento, pois não há transformação se não houver busca. Foi preciso abrir mão das situações que até então dominavam minha vida.
Muitos “amigos” do meio antigo me ligavam, não para me ajudar, mas para piorar o estado em que me encontrava. Lembro-me de uma ligação que recebi logo que decidi me afastar daquele meio. A pessoa dizia: ”Como está você Saulo, neste carnaval com quantas pessoas você ficou? Respondi: nenhuma. E ela dizia: “não posso acreditar, pois eu fiquei com seis pessoas nestes dias de carnaval!””. Quanto vazio, hoje se puder falar com esta criatura novamente eu diria: “venha conhecer a verdade, a verdade que trás paz e descanso para sua alma, saia deste abismo e venha para a luz que é viver com Jesus. Somente em Jesus poderá encontrar descanso e conforto para sua alma”. Cansei de buscar consolo, amor e aceitação através da homossexualidade.
Uma vez aceitei um desses convites, o risco de regredir foi altíssimo, fui a um lugar que já havia freqüentado, e pela primeira vez pude perceber como eu havia vivido. Aquele bar parecia um açougue, onde bastava olhar para o lado e tinha um pedaço de carne para se relacionar comigo. Pude perceber como eu buscava me identificar com alguém, como procurava no outro o que faltou receber do meu pai e da minha mãe. Não poderia alcançar resignificação de vida voltando ao que sempre fiz, praticar a homossexualidade. Continuei a caminhada e abracei Jesus com toda minha força. Nenhum erro está fora da redenção de Deus, nenhum. O amor de Jesus pode alcançar o mais profundo abismo. Passei a compreender a diferença entre tentação e pecado. Eu possuía o Espírito Santo que Deus me dera não para me impedir de ser tentado, mas para que me capacitasse a resistir e não ser vencido pelas tentações. Precisava de amadurecimento espiritual. Era preciso dedicação constante de minha parte. Neste momento eu precisava de amor e não de julgamentos.
Durante muito tempo continuei recebendo ligações para sair nos bares e boates, relutei para não aceitar estes convites. De repente Deus providenciou uma mudança na minha vida. Que surpresa mais agradável. O louvor no final deste testemunho diz exatamente sobre esta libertação que recebi. Meus caminhos estavam sendo endireitados. Afastei-me de tudo e de todos do meio antigo, precisava buscar alimento para sobreviver e permanecer firme. Hoje posso enxergar e estar aqui falando do que Deus tem feito em minha vida, para honrar e glorificar este Deus que sirvo, onde pude receber e aceitar a verdade que está em sua Palavra que liberta e dá vida. Descobri que estava alimentado por uma mentira, que acreditara em uma mentira. Quando pude perceber o que realmente eu tinha vivido, confessei que era pecador, aceitando Jesus como meu único Senhor e Salvador, precisava desaprender o comportamento errado que havia aprendido e a Palavra de Deus começou a fazer sentido. Entendi que conheceria a verdade, e se iria conhecer a verdade o que eu vivia era mentira, era falso, ilusão. Esta verdade me libertou do cativeiro ao qual me encontrava. Os rótulos que havia recebido começavam a cair. Hoje sou livre e sirvo a um Deus que muda o caminho errado e incerto de quem Ele quiser, e Ele quer que todos se salvem. Aquele que perder a sua vida por amor a Jesus encontrá-la-á. Lembremo-nos que Ele é o nosso Senhor, devemos nos curvar diante dEle. Ele nos dá o livre arbítrio para escolher entre a vida e a morte.
Hoje falo da dificuldade que vivi enquanto na homossexualidade. Falo mais da verdade que descobri através da palavra de Deus, verdade que me libertou e me tornou livre de todo engano que envolvia minha vida. Para você que se acha livre, que faz o que quer, cuidado, você está mais preso do que possa imaginar. A minha liberdade enquanto na homossexualidade acabou se tornando minha prisão.
Algum tempo atrás um travesti famoso deu uma entrevista em um programa de televisão, onde o entrevistador perguntou: “Você já colocou seios, já delimitou seu corpo com formas femininas, deixou o cabelo crescer, mudou seu rosto, seus lábios, pergunto: porque não faz uma cirurgia para tirar seu pênis e colocar uma vagina?”. Resposta: “Porque não quero fazer o que muitos travestis tem feito, passam horas com psicanalistas, horas de mutilação através de uma cirurgia, depois vão para casa se recuperar, e batem a cabeça na parede, porque sabem que foram feitos homens e pensam como homens”. As leis que hoje existem em países liberais, que asseguram o relacionamento homossexual, cirurgias para troca de órgão genital, seguro de vida, poderiam aliviar o preconceito à minha volta, facilitar o meu dia-a-dia, mas não poderiam assegurar e me proteger do vazio que estava dentro de mim. Existe perfeição em Deus. Compreendi que a vida homossexual que eu levava estava fora do plano perfeito de Deus para mim. A vontade de Deus para mim é boa, perfeita e agradável.
Durante os estudos de 2º grau tive um colega de sala que recebia muitas palavras de maldição vinda dos outros alunos, ele apresentava um jeito efeminado e por isto era rotulado de “veado”, “bicha”. Quando comecei a freqüentar as boates, vi uma mulher que me chamou a atenção, estava vestida de modo muito sensual, fui até ela para conhecê-la, ao me aproximar reconheci seu rosto. Qual minha surpresa ao ver que não era ela e sim ele, aquele rapaz do 2º grau que era efeminado. Havia colocado silicone no seu corpo para ganhar formas femininas. Esta porção da sociedade que disse para este rapaz se aceitar assim, é a mesma sociedade que o jogou em um caldeirão de água fervendo. Há poder na Palavra de Deus, poder que pôde transformar minha vida desde que aceitei a verdade. Busquei cura para as feridas da alma e transformação no meu viver.
Comentei no decorrer deste texto que desejava conhecer uma garota, não queria viver só, mesmo sabendo que teria que tratar outras áreas da minha vida que até então não havia tratado. Relacionamento com pessoas do mesmo sexo eu não queria mais, então precisava aprender a me relacionar com o sexo oposto. Participei de um encontro onde homens e mulheres insatisfeitos com sua vida na homossexualidade buscavam ajuda. Lá conheci uma psicóloga que comentou comigo sobre a necessidade de tratar algumas questões que estavam me impedindo de ter mais qualidade de vida, de alcançar meus novos objetivos. Eu já estava fora da prática homossexual fazia cinco anos. Trazia comigo cicatrizes que precisavam ser realmente tratadas. Agradeci o conselho desta psicóloga e sabia que iria precisar mexer nestas questões mais cedo ou mais tarde. Esta psicóloga tinha conhecimento do que estava falando. Até hoje não tive a oportunidade de dizer a ela, mas uma frase que ela me disse causou grande impacto em mim. Perguntei se ela estava tendo muitos problemas por mudar a sexualidade de uma pessoa de homossexual para heterossexual. A resposta foi tremenda: “Jamais busquei mudar a sexualidade de ninguém, todos são heterossexuais, apenas auxilio pessoas em diferentes áreas de suas vidas que acabam fazendo com que elas deixem de estar homossexuais”.
Antes de ir para este encontro havia terminado meu namoro, pois estas questões que a psicóloga comentou afetavam minha saúde emocional. Conheci minha ex-namorada em uma casa de apoio que passei a ajudar. Cheguei lá para oferecer ajuda voluntária e a conheci ao participar como ouvinte de uma palestra sobre abuso sexual. Gostei dela naquele momento, e sabia que uma nova fase em minha restauração na sexualidade estaria por começar. Vou compartilhar com você um pouco deste momento. Convidei esta garota para tomar um café, mas minha real intenção seria pedir para ela namorar comigo. Estava nervoso e minha voz tremia, e falei que desejava namora-la. Passamos a ter uma amizade especial, onde saíamos para nos conhecer, e logo iniciamos nosso namoro. Tive admiração por ela, o desejo de estar com ela era mais forte do que o medo que sentia pelo desconhecido. Estava quase em pânico, pois tinha medo de algumas situações, medo de ficar sozinho com ela e ser abusado novamente, medo de ouvir novamente palavras que pudessem ferir minha masculinidade. Hoje consigo dar risada desta situação. Foi difícil cada momento deste relacionamento. Quando nós saíamos para namorar eu já planejava todo o percurso, desde o início até o fim, assim teria a certeza que não ficaríamos sozinhos. Com o namoro nosso relacionamento foi se estreitando e percebi que estaria em perigo. Então, terminei o namoro. Mais uma vez me vi sozinho fugindo de uma garota por estar com medo. Era necessário aprender a me relacionar com o sexo oposto, passar a ter relacionamento profundo e não superficial.
Passou o tempo e senti saudades dela, detectei que o amor que senti por ela era maior que todo o medo. Mas ela poderia estar me esperando ou não, eu estava correndo este risco. Em uma viagem que fizemos com nossos amigos voltamos a namorar. Pela segunda vez a pedi em namoro. A fase do namoro foi passando e decidi comprar as alianças para o noivado. Localizei a loja que iria comprar as alianças, enquanto caminhava em direção á loja fui surpreendido por um ataque de pânico, parecia que havia uma multidão a minha volta lançando palavras e olhares de reprovação por estar para adquirir as alianças do meu futuro casamento. Venci o medo e entrei na loja sem demonstrar minha insegurança, tremia por dentro e suava muito. Guardei as alianças por um mês até marcar um passeio com ela para fazer uma surpresa. Levei-a para um passeio ecológico e no meio do caminho parei o carro e com o coração saltando pela boca a pedi em casamento. Foi uma cena inesquecível para nós dois. Neste momento estávamos demonstrando um para o outro a aceitação e concordância mútua da nossa união. Conto este fato para que possam entender a dificuldade que havia em meu ser para alcançar o meu sonho de ter uma mulher ao meu lado. Teria que vencer o medo.
Certa noite, ao voltarmos de uma formatura, senti medo de ficar sozinho com ela, mesmo estando noivo. Decidi compartilhar com minha noiva sobre este medo, pois não queria estar casado e de repente ter medo de estar com ela em casa. Decidimos que eu iria procurar ajuda profissional, de algum psicólogo, e isto seria antes do casamento. Levei esta questão do medo para uma psicóloga de minha confiança, e falei do meu medo de ser abusado sexualmente pela minha noiva, do medo que havia na minha mente de ver minha masculinidade ser destruída novamente. Mesmo sabendo que minha noiva jamais faria isto senti medo. Era como se entre eu e ela surgisse um monstro enorme chamado “Abuso Sexual” e “Palavras Destrutivas”. Interessante que neste momento a questão da homossexualidade nem foi levado em conta. A homossexualidade havia ficado para trás e o que ficou foram resquícios de experiências ruins da infância e adolescência. Conforme ia tratando certas áreas em minha alma, a homossexualidade ficava cada vez mais distante. A psicóloga fez um trabalho excepcional em cima de várias experiências traumáticas que vivi, utilizou uma técnica chamada EMDR. Detectamos que o medo era devido ao abuso sexual que passei há 20 anos atrás. As sensações do abuso sexual e das palavras que ouvi ficaram em minha mente e sempre que algum gatilho era acionado o medo surgia na minha frente. Este gatilho poderia ser simplesmente uma palavra que ouvia, como exemplo: Estava ao telefone conversando com minha namorada e ela disse para mim que iria fazer algo bem gostoso assim que nos encontrássemos. Estas palavras acionaram um gatilho onde pensei que ela iria fazer o mesmo que a namorada que tive á 20 anos atrás que causou o abuso. Neste momento eu queria terminar o namoro e ficar longe dela, fugir dela. O medo fazia com que eu parasse e não enxergasse mais nada na minha frente, a não ser o abuso sexual que poderia vir a sofrer. A psicóloga utilizou esta técnica chamada EMDR que desensibilizou o trauma causado pelo abuso sexual. Por incrível que pareça, não sobrou nenhum resquício do abuso que sofri. Foi como ela disse no início do tratamento, que eu iria estar sentado no banco do passageiro de um carro olhando a paisagem passar. Estive sendo acompanhado por ela durante seis meses, em um período recebi a ajuda do seu marido. Foi de grande importância estar sendo aconselhado por este homem. Com ele pude ouvir situações que acontecem no relacionamento existente entre homem e mulher, como ter uma boa convivência com o sexo oposto. Conversávamos sobre sexualidade, intimidade sexual, relacionamento e outros assuntos de grande relevância para quem estava prestes a se casar. Este caminhar foi até o casamento e sei que posso contar com ele sempre que precisar. Procurei aproveitar todas as oportunidades que surgiam em minha frente, vários casais estiveram comigo neste período de restauração. Deixo claro aqui que em nenhum momento ninguém tentou mudar minha sexualidade, houve sim um tratamento de várias áreas da minha vida que acabaram atingindo uma melhora gradativa em minha sexualidade, onde os desejos homossexuais foram gradativamente perdendo força. O medo foi lançado fora, descobri que o verdadeiro amor lança fora todo o medo.
Casei-me em 2006, agradeço a Deus por ter usado de pessoas em minha caminhada de restauração para que pudesse me relacionar adequadamente com uma mulher. Não há necessidade alguma em fazer o que eu fazia, a vida que levo com minha esposa é gratificante em todos os sentidos. Tenho alcançado saúde emocional e através disto tenho me tornado um homem melhor, um cristão melhor. As feridas na alma que carreguei por cinco anos, dificultavam minha caminhada como cristão. Quando aceitei a Cristo em minha vida tive a convicção que estava salvo, mas também sabia que precisaria tratar as feridas que estavam na minha alma. Deus também nos oferece saúde emocional. Paz é o que sinto. Realmente a vontade de Deus para os que o amam é boa, perfeita e agradável. Casei-me porque não queria viver só, mas não é o casamento que irá dizer que uma pessoa deixou a homossexualidade.
Eu quero o bem desta terra e você? Muitos me chamam de louco, por ir contra o padrão deste mundo. Mas Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias. Escolhe os pequenos para confundir os grandes. Para você que deseja mudança de vida, que está cansado de tudo que tem feito, saiba que há esperança para você, enquanto houver vida, haverá esperança. Declare com sua boca que Jesus é o único Senhor e Salvador de sua vida, procure um povo de Deus para receber você, um povo que pregue Jesus como único Senhor e Salvador, passe a viver conforme a sua palavra porque, assim como Jesus me chamou pelo meu nome, Ele também te chama pelo seu nome.
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